Potiguara do Catu
Origem:
A comunidade indígena Catu, da etnia Potiguara. Abriga atualmente 275 famílias, ou seja, cerca de 945 pessoas, dos quais mais de 700 são indígenas.
Localizada entre os municípios de Canguaretama e Goianinha, no Rio Grande do Norte, a Comunidade Indígena Catu, é um espaço de resistência dos povos originários do tronco potiguara, que residem às margens do rio Catu.
A comunidade se originou, em meados do século XIX, quando três irmãos subiram as margens do Rio Catu, para fugirem do processo de catequização no antigo Aldeamento Gramació (atual município de Vila Flor). O nome da comunidade Catu, está ligado a palavra “Katu” que em tupi significa "bom ou agradável".
Território
O território do povo Potiguara Katu é a Área de Proteção Ambiental Piquiri-Uma, ela tem 40 mil hectares, mas a gente tem lutado para demarcar 20 mil dessas 40mil hectares, tirando aí os espaços de cidades, que estão ocupados pelas cinco cidades que compõe a APA: Canguaretama, Espírito Santo Várzea, Pedro Velho e Goianinha. Então, toda essa área de 20 mil hectares que engloba todas as nascentes, as lagoas, os rios, essa é a área tracionamento ocupada pelo nosso povo.”
Economia:
Em sua maior parte a agricultura é a atividade econômica que predomina. Cultivando feijão, milho, macaxeira e, principalmente a batata doce, o povo Potiguara do Catu aproveita o solo fértil do vale produzindo alimentos para consumo e para comercializar nas feiras e demais comércios da região. A caça e pesca que outrora obteve lugar central, passaram a ser segundo plano devido o intenso desmatamento provocado por canaviais que disputam as terras indígenas desde o começo da colonização. A coleta de frutos como a mangaba também está sendo afetada pelos conflitos socioambientais ocasionados por empreendimentos como as usinas e a monocultura.
Assim como a Festa da Castanha do Amarelão e a Festa do Milho de Sagi-Trabanda, os Potiguara do Catu realizam anualmente, no dia de todos os santos, primeiro de novembro, a Festa da Batata. Um evento que demonstra a articulação e força indígena para se relacionar com instituições, grupos e situações diversas, como a necessidade de transformar os hábitos de caçadores coletores para agricultores devido à destruição ambiental perpetrada pela monocultura de cana de açúcar que remonta os primórdios das relações interétnicas entre europeus e indígenas.
Cultura:
Mensalmente o ritual da lua cheia é praticado, onde se reúnem na mata ou na casa de algum indígena do Catu para trocar experiências, dançar e cantar no Toré. Ademais, as pinturas corporais da comunidade indígena do Catu também representam a reafirmação étnica do grupo. As plantas comumente usadas na preparação das tintas são o jenipapu e o urucum. As cores mais escuras são usadas nos momentos de batalha ou protesto, enquanto que às claras e suaves simbolizam a alegria. Os principais animais simbolizados nas pinturas são o peixe, o jabuti e a cobra.
Alimentação:
Tendo a agricultura familiar como principal atividade produtiva, são comuns os plantios de milho, feijão, macaxeira, hortaliças e, em especial, a batata doce, que possui diferentes espécies, sendo o principal produto da região.
Cerca de 70% da comunidade vive da agricultura familiar e uma das coletas mais fortes da região do litoral sul do RN e da comunidade é a mangaba, e a partir dessa fruta, da macaxeira, batata doce e das hortaliças é utilizado para comercializar aos sábados, e a partir destes produtos é que se compra o que não tem na aldeia, como roupas, caderno e outros. Identificamos também que eles utilizam técnicas de plantio e manejo sustentáveis, que são transmitidas de geração em geração.
Além disso, a agricultura familiar na comunidade de Catu está intrinsecamente ligada às práticas culturais indígenas, como rituais de plantio e colheita, conhecimento sobre plantas medicinais e a valorização do trabalho coletivo na localidade. A identidade territorial cultural indígena da comunidade de Catu com a agricultura familiar é uma expressão do seu cotidiano e assim, de sua história, cultura e modo de vida, que se sustenta através da relação harmoniosa com a terra e o ambiente natural ao seu redor.
Saúde:
A comunidade não conta com o atendimento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e reivindica a criação de um Distrito Sanitário de Saúde Indígena (DSEI) no estado.
Educação:
Os hábitos pretéritos e contemporâneos são abordados na educação escolar indígena dos Potiguara do Catu que tem a única escola indígena reconhecida oficialmente no RN pelo MEC (Ministério da Educação). Tal reconhecimento durou um processo de oito anos, segundo relato do cacique. O idioma tupinambá ou tupi antigo é estudado com as crianças na Escola Indígena Municipal João Lino Silva como um esforço sociolinguístico para fortalecimento da identidade Potiguara do Catu. Catu significa bom, agradável, canguaretama quer dizer ‘a região dos ossos, cemitério’ e, segundo o Cacique Luiz tal nome faz referência a luta e resistência indígena. A cosmogonia do grupo aparece nos estudos e prática do Toré com as (os) estudantes da escola indígena. A história oral também é conteúdo fundamental da educação diferenciada aplicada no Catu.
A Aldeia Katu encabeçou a luta por essa educação específica, diferenciada e intercultural e à revelia a gente conseguiu, entre os anos 2008 e 2013, transformar indígena João Lino da Silva em escola municipal indígena João Lindo da Silva. Alteramos o currículo, implementamos a disciplina do Tupi, a disciplina de etno-história, jogos e brincadeiras indígenas, arte e cultura indígena, tudo isso foi implementado no currículo à revelia do município e eles tiveram que aceitar isso.
Religião:
O Catolicismo e as igrejas evangélicas se fazem presentes na comunidade indígena Catu.
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